POEMAS

 

APONTAMENTOS SOBRE 

O VALE DO SER

 

Sérgio Veleda

 

 

Sobre a extensa cabeleira do vento

 

paira uma folha de primavera

 

O caminho que conduz até o pomar

 

foi adornado com dolmens de pedra

 

Daqui do alto o entardecer leva

 

o vale para o fundo

 

como se fosse para dentro de mim

 

O pica-pau perfura o tronco da árvore

 

Outros pássaros voam em bando

 

Há uma necessidade encoberta em minha alma

 

que deseja ver o mundo como

 

no primeiro dia da criação

 

Uma garoa se precipita

 

Evapora o perfume do húmus

 

Fértil são os campos do Ser

 

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Sérgio Veleda

 

 

As pedras marcam o caminho

 

Lá do alto um pássaro faz sentinela

 

vigiando o vale

 

O entardecer por aqui é sempre

 

mais profundo que mil abismos

 

que mil grutas na carne da terra

 

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A NOITE NO VALE

 

Evania Reichert

 

À noite, aqui há luz

Ela se derrama sobre as pitangas

e as gabirobas se escondem

À noite, aqui há silêncio

Ele invade os ouvidos e 

denuncia os ruídos das tocas

À noite, aqui há desejo

Ele se acende vigoroso

fundindo corpos e almas

À noite, aqui há festa e perfume

 há amigos, filhos e amores

À noite, aqui há orgia

 Ouve-se os gritos das águas

 nos braços das corredeiras 

À noite, aqui há prenúncios

 dias e dias sem medo, sem forma

Dias sem passado e sem futuro 

À noite, aqui, há mil noites.

Saudades, sonhos, manhãs.